Qual a novidade da vez? por Nina Rodrigues*
8 DE MAIO DE 2007 - 12h26
Qual a novidade da vez? Nenhuma!
Novamente um show de rap se tornou arena para as manifestações tortas. Novamente o hip-hop se torna alvo dos grandes veículos de informação. Ultimamente tenho visto muitos programas falarem bem do hip-hop. Mas agora, de boa! Aparece uma coisa ruim...
Vixe! O bagulho estoura, é de manhã, à tarde e à noite. Sabe quem deve estar pulando de felicidade? Os mesmos que um dia falaram mal. Com suas manchetes tentando abalar a nossa estrutura falando ''pérolas'' sobre o rap, provando-nos que não sabem nada, os mesmos que acham que vivem numa redoma de vidro. Os mesmo que ajudam sim, a envergonhar nosso país.
Eu não estava na virada cultural, não vi nada. Mas acredito no hip-hop e sei da sua essência. Sei das pessoas que o fazem acontecer. Sei das crianças que são salvas. E sei também que não é a primeira vez que um show de rap é alvo do preconceito, da alta sociedade cega discriminatória...Os olhares do ''poder'' se voltam com maior desprezo.
Mas também não irei dizer que não tinha gente lá que foi só pra assistir o show e que fez baderna... Sei que tem isso porque já vi muito e sempre tem. Mas isso é em qualquer show, eventos, paradas etc. Não venham me dizer que é só no rap. Porque não é. E próvo!
Pra se falar de alguma coisa temos que conhecê-la. Então sair cuspindo como se tivesse um conhecimento do assunto, convicto que fez bonito. Fez não hem! E me espanta.
''Meu Deus eles não sabem o que falam''. Não adianta bater e alisar, saibam que o Racionais Mc's é um grupo que representa um povo, o povo que se identifica com o seu som, o povo da periferia o povo negro, o povo pobre... resumindo: a maioria.
Eles apenas falam em sua letra de uma realidade que incomoda a elite. Então, tremam as pernas. Estamos mais perto do nosso propósito. O trabalho que o Hip Hop vem fazendo junto à periferia brasileira, tem sido mostrado com aplausos internacionais e nacionais, e realmente os incomodados, assim estão, pela incapacidade que têm de chegar junto dos pobres e trabalhar com eles. ''Pobres'' viu!? E não ''escória''! Escória são os que roubam acintosamente nosso dinheiro e direito de viver e o Lobo sabe onde está essa escória.
Com certeza se a matéria da qualidade da que saiu na lista da Voz do Brasil e foi enviado pela Revista Palco editada por Chico Lobo, tivesse sido divulgado por qualquer Chico da periferia, hoje ele estaria literalmente enquadrado, recebendo processos e mais processo, ou pontapés nas costas. Acontece que esse Chico daí deve ser da alta, porque esquece da escória que existe no seu meio o cujo resultado dos processos dão em pizza. Ruminar violência é coisa pra mico, chamado geralmente de Chico com as raras exceções, das quais esse Mico Lobo não faz parte.
Por que será que o rap no Brasil mexe com tanta gente, principalmente com os pseudoeruditos? Ora, porquê...! Dividir com os pobres nunca foi objetivo da sociedade dita culta e rica. A concentração da riqueza nas camadas sociais elevadas sempre fez do Brasil o que ele é hoje! Um país dividido em tudo e nada.
Como as Secretarias de Cultura de muitos estados brasileiros vêm dando oportunidade à cultura da periferia, os ''importantes'' do mundinho dos ''só pra nós'' se sentem ofendidos.
Vemos problemas em eventos de todos os níveis no Brasil e no mundo. Tentativa de assassinato de Presidentes, Papas, das mais altas autoridades, mas sequer se vê chamarem um assassino de ''escória podre da sociedade.'' É fácil juntar-se e trabalhar com os que têm tudo: dinheiro, iate, saúde, aviões, costas largas, ''boa educação'' mas, trabalhar com e pela periferia ninguém quer. Quem quer se arriscar? Pobreza pega não é mesmo?
Pois bem, racistas são estes divulgadores e ''armadores'' dessas matérias que deveriam ser investigados como neonazistas assustadores, porque pelo que vemos, além de perseguirem os negros, nordestinos, pobres e homossexuais, passaram à sua lista os componentes do hip-hop.
Campo de guerra está formado há muito por pessoas tipo o senhor que me parece não tem conhecimentos de causas, questões sociais e nenhum conhecimento do lugar em que vive.
Onde polícia só parece trabalhar para os que tem dinheiro. Que julga por a maioria ser negra e pobre, julga como a escória. Pois a maior parte do público que estava lá é pobre sim, é uma cultura negra sim. É uma cultura que abriu espaço e os que aprenderam nesse espaço hoje tem uma profissão, passando pra os novos o que é ser um cidadão com valores!
Sem mais...